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domingo, 14 de junho de 2015

Ser poeta


Faço poemas por que sou poeta
E nada mais sei fazer
Senão como uma cigarra reluzida
De verão
Uma formiga uma enxada e um pilão
E este luar do sertão
Verso que não é meu
O poeta me emprestou
Nessa solitária imensidão
Nordeste que não foi acesso
Apenas no luar e nas fogueiras
De São João
Teve Lamparina Corisco e Lampião
Mais tem Cancão sabiá patativa
E corrupião
Tem Conselheiro e o belo arraial
De Canudos
Com seu pão e terra repartidos
Para todos
A parábola da semente de trigo germinada
O milagre da criação
O exercito da República Federativa do Brasil
É vencida pelo exercito do Senhor
Armados com seus terços e bacamartes abençoados
O poeta mergulha na palavra
Com certeza se afogando
Ficando sem ar
Quase perdendo a respiração
Mas a traz para o verso
E a diz nos acordes da viola
A pérola rara
Que quase mata a ostra
Agora jaz bivalve
Numa praia do Ceará
Enquanto que  a pérola brilha
Num colar
Num lindo pescoço de uma donzela
Mas um hippie ajuntou estes búzios
E fez uma mágica mariposa
E de uma de suas asas
Fez um brinco pra ela
O poeta vive por ai
Brincando com as luzes
Que caem de suas pálpebras
Nunca estudaram o arco-íris
Sempre penso que Spinoza
Fora condenado por ter estudado
O prima na sua natura
O arco-íris nos céus
E nas pálpebras também
Não conhecem seus poemas
Nem a equação
Que ele traz


3 comentários:

  1. Ser poeta

    Ser poeta é ser grande, ser mais alto
    Olhar ao redor com incredulidade
    Não acreditar que tudo é verdade
    E sobrevoar o mundo com um salto

    É talvez armar-se de desejos mil
    Mas não saber sequer que desejos são
    Amaldiçoar as pragas desse mundão
    É mandar todos à puta que pariu

    É de ultraje e desamor ter fome
    Nada encontrar na laje de manhã
    E saber o que é bom sempre some

    É vivenciar plenamente assim
    Torcer que não lhe tenha novas cãs
    Que sinalizam o tão temido fim

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  2. Ser poeta

    Se um poeta acordar você deseja
    Não lhe venha com música de banda
    Que assim a coisa toda desanda
    Pios de pássaros servido lhe seja

    Poeta quando dorme também sonha
    Porque visita os altares de Morfeu
    E quem vai tira-lo dali não sou eu
    Por mais que fé nisso então ponha

    Ser poeta é ser certo vivente mui raro
    Que entende a vida de jeito bem claro
    E que põe em versos seu pensamento

    Mas um poeta em assumida ignorância
    Nem em sonhos pensa ter importância
    Ele quer somente interpretar o vento.

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  3. Ser poeta

    Esse poeta insano se questiona ser
    Mas no universo ele simplesmente é
    Estar ou ser consiste em acontecer
    Tudo mais será uma questão de fé

    Dê o primeiro passo da longa jornada
    Então o mundo conspira a seu favor
    Não olhe para trás, não ligue pra nada
    Caminhe pra frente seja pra onde for

    Poetas não necessitam de um norte
    Eles vão e somente confiam na sorte
    Poetas sequer sabem o que convém

    Eles vivem seus dias como nefelibatas
    São sobreviventes como frias baratas
    E não ligam pra opinião de ninguém.

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