Seguidores

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Minutos Triturados


Leva-me o tempo
Nos teus calendários dos dias balbuciados
Labutados
E perdidos nas tardes quentes
Cada dia riscado
A noite sonolenta de pálpebras
Insones
Ainda o cuco vem avisar
Que o ocaso foi embora
E a aurora de um novo tempo
Vai chegar

Leva-me oh tempo
No teu relógio que soluça
Cada segundo
Teus minutos que vão dilacerando
Minha pele
Mudando os desígnios do meu coração

Como eram belos os tempos
De outrora
Tinha o sino da igrejinha
As andorinhas de verão
Meu coração apaixonado
O canto da sabiá
Os barrancos inconsistentes
E o grande Deus onisciente
Transcendente
As papoulas vermelhas
E o belo luar
E o tempo demorava passar

Hoje o amor é apenas um conceito
Nos versos de um poema em cima
Da cômoda
O relógio desgastando a tessitura
Da carne
E a vida passa nas hélices
Do liquidificador
E o luar um poema tecnológico
Teleguiado pelo computador





Um comentário:

  1. Tempo

    Pois é, o tempo carrega o calendário
    Incólume vai riscando meses e dias
    Enquanto o poeta sofre o seu fadário
    Nas escuras esquinas de ruas e vias.

    Até mesmo o bravo cuco vem avisar
    Que tarde se foi e agora está escuro
    Nada de novo no front tudo é milenar
    Somente a aurora é um porto seguro.

    O relógio soluça e o tempo temporiza
    Porém exatamente como fora outrora
    Passa o tempo passamos nós tal brisa.

    Mas, o tempo nos permite nossa hora
    Então quando for necessário nos avisa
    E percebemos que devemos ir embora.

    ResponderExcluir