Seguidores

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Cigarras Ciciam o Verão


ouvi a cigarra afinar
os seus acordes 
tecer suas sinfonias
e balbuciar sua canção
naquela tarde azul de verão
as andorinhas riscam no céus
nos pedaços de nuvens brancas
suas partituras
na maior altura
asas de eternos bemóis
o sol rega com seus raios
cálidos amarelados
seu reinado de planetas
e luas
religião para os girassóis
para os lentos elípticos
caracóis
e vós o que sois 
neste mundo de muitas estrelas
galáxias distantes
mundo de muitos sóis 
o que é o teu instante
mas o que importa é abrir
a janela
regar as margaridas
cultivar as violetas
e dialogar com a rosa
sobre o mistério do amor
é debulhar os acordes
do violão
modelar os versos
e compor um refrão
tarde sonolenta

em que morre o cigarro
queimando entre os dedos
morre a cigarra cantando
enquanto a formiga cultiva
o seu canteiro
e os cogumelos brotam
nos mugidos das vacas

Um comentário:

  1. Cigarras ciciam, cigarros queimam

    Ao ouvir os acordes da cigarra
    Naquela tarde azulada veranal
    É como longe soasse fanfarra
    Que diverte e conquista afinal.

    O sol e seus raios amarelados
    Espicaçando impiedoso o chão
    Desabrocha girassóis cansados
    Enquanto brancas nuvens são.

    Mas até os caracóis alienados
    Se inserem na alegre sinfonia
    De atores tão indeterminados
    Que atuam e compõe poesia.

    Ah, esses cigarros queimados
    Na solene hora da Ave Maria!

    ResponderExcluir