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sexta-feira, 18 de julho de 2014

A Navalha desdenha da Morte


Risco meus versos em guardanapos
Nas bordas dos pratos
Nos azuis deste céu
No ventre da estrelas que chegam
Anoitecidas

Arrisco na vida
Viver é perigoso diz o poeta
Amar é um verbo intransitivo
Aboliram o trema
As consoantes intervocálicas
E no fim eu estou sozinho
Na mesa desta taberna
Filosofando com as migalhas
Filosóficas

A xícara gélida repleta de não café
¼ de gim destilado no limão
E uma profunda desilusão
O romance ficou órfão
Meu ser é pura solidão
Ainda uma canção me consola
As cordas de náilon solam
Uma velha bossa nova
E meu mp3 aos pedaços desenrola
Variações de Goldberg
Porque a madrugada é longa
O mar canta aos meus ouvidos
Ária de antigas nereidas
E este luar macilento
E estas drágeas brancas
Deixam meu olhar insone
Atordoado nesta existência
Nesta noite de elegias
E bravias procelas
A vida morreu na própria
Vida
A morte em carne viva



              Luiz Alfredo - poeta

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