O tempo
mudou a tua face
E a minha
também
Não nos
reconhecemos na esquina
Do tempo
E nos
espaços transtornados
Não
encontrei na rua
Da minha
infância
O flamboyant
nem o beija-flor
O cercado
de flores amarelas
Nem o pé de
fruta – pão
Ficaram
apenas as lembranças
Dos
velocípedes
Cálido
tacacá que queimava
Meus lábios
Gélido
sorvete de cupuaçu
E o hálito
das estrelas
As rugas do
meu rosto
sobressaltado
E o viaduto
pendurado no céu
De cimento
armado
O caminho
do asfalto negro
Apagou as
margaridas
E crisântemos
selvagens
O compasso
do tempo esboçou
Um
arranha-céu
Silenciou o
murmúrio do riacho
Cristalino
O
peito-roxo a cigarra o cagacibite
Apagou as
parábolas da mangueira
Repleta de
japins
Exilou os
pássaros que acendiam
A aurora
Levou-os
para um pretérito distante
Opaco na
memória
Apagado na
estante
Os
papagaios de papel crepom
Coloridos
Que subiam
aos céus
Com suas
asas de buriti
O pião na
palma da mão
ferida pelo cerol amolado
As bolinhas
vidros transparentes
Foram
apagadas para sempre
E eu fiquei
perturbado
Diante dos
semáforos da existência
O ser e o
nada estavam ali
Bem de
frente das minhas retinas
Cheias de
idades...
Tantas
saudades
Luiz
Alfredo - poeta
O tempo passa e só nos resta as lembranças.
ResponderExcluirE nós vamos juntos envelhecendo...
Adorei seu texto!!
Agradeço as suas lindas palavras.
Um ótimo fim de semana,beijinhos.
RECUERDOS
ResponderExcluirTempo amarela folhas da vida
Ficando apenas o palimpsesto
Como se existência transferida
E tudo o mais é somente resto
Ficam transtornados os espaços
E somente restam lembranças
Do que sabíamos vemos traços
Como da menininha de tranças.
Atestam as rugas de meu rosto
Que sou portador de certa idade
Mas pior a vista, melhor o gosto.
Sem abrir mão de toda vaidade
Ainda me sinto bem predisposto
De encarar de frente a verdade.