Seguidores

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Melro



Eu era as tecla daquele piano
Molhado de luar
O gole de conhaque requentado
Pelas estrelas
A voz rasgando o jazz de pura
Paixão
Trazia o canto do sabiá
Na lapela
As pétalas na cigarreira
Na algibeira
O melro que cantou no alpendre
Da tua casa
Depois foi embora e nunca mais
Voltou
Eu era as cordas do violoncelo
Balbuciada pelo crepúsculo
O osculo do colibri na roxa
Papoula
Que balouça nos cabelos
Do vento e das tempestades
Eu era o espantalho cultivando
O milharal
E aprendendo a gramática
Dos corvos
E fui com os instantes vividos
E as migalhas das metafísicas
Tornando-me amante da solidão
E polindo o nervo do meu olhar
Para contemplar melhor
A eternidade



Um comentário:

  1. Belo! Ainda mais na voz de Diana Krall- não consegui ver o vídeo, mas conheço a música. Acho que a gente vai se transformando aos olhos de quem nos vê. By the way, não tenho te visto em minhas casinhas...
    |abraços, Luiz.

    ResponderExcluir