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sábado, 20 de setembro de 2014

Exaustas Pálpebras


A noite desenrola um poema
Do Zola
Nas pálpebras cansadas
Dos meus olhos

Lá fora o luar devora
Versos sonolentos de outrora
Do tempo em que os cata-ventos
Dialogavam com as lavouras
E os vaga-lumes eram estrelas
E as constelações eram galáxias

Tempo em que os grãos declamavam
Parábolas
Metonímias dos centeios
Moinhos celeiros
O permeio do fermento
O sentimento dos esteios
Que delimitam as plantações
E os pássaros vestiam os mantos
Dos céus
E nele escreviam suas partituras

Tempo em que as andorinhas desenhavam
O verão
Para nele a cigarra cantar sua canção
A chuva molhava as sementes
O trovão acordava os grãos
Que engravidaram
E germinavam num lindo botão
Numa bela rosa

E a vida vai embora
Cruza a ponte
Não espera o tempo
Vai tornado tudo passado
Uma saudade incontornável
Um pretérito que podemos conjugar
Mas nunca mais vivê-lo




2 comentários:

  1. Remêmore

    Há tempos de pálpebras cansadas
    Daqueles outros tempos terem visto
    De lavouras tantas todas semeadas
    De sementes grávidas como visto.

    Havia pois românticos cata-ventos
    Batendo papo com belas lavouras
    E despertavam versos sonolentos
    Que lembram época imorredoura.

    Todo sentimento é pretérito contudo
    Onde se conjuga somente passado
    Porém quando poeta não fica mudo
    Ao saudosismo ele passa atestado.

    Com esse meu versejar assim miúdo
    Trago ao presente o bem do passado.

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  2. Caro Luiz Alfredo, poeta
    Há quanto tempo não nos encontramos, parece que estávamos noutra galáxia,
    noutro universo Mas aqui pertinho, na internete e na poesia. Bonito o seu poetar, gosto de sentir suas metáforas despretensiosas. Obrigado pelo seu elogio ao meu soneto. Que me deu um trabalhão. Mas consegui.
    Abraço Amigo
    FRANCISCO MIGUEL DE MOURA

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