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domingo, 17 de agosto de 2014

Poeta Marginal


Tudo deu errado na minha vida
Papai queria que fosse engenheiro
Construísse prédios
Fizesse pontes naqueles rios
Mas me tornei um poeta
Marginal
Um bardo violado
Transeuntes das periferias
Escritor de muros abandonados

Mamãe queria que me casasse
Com ela
Estudante da Escola Normal
Filha de dona Maristela
Mas me juntei com Maria Juana
Quase deu rolo
Quase de cana
Estranha cara de melenas
Desgrenhadas
Sem endereços adereços
Estranhos de estanho
Tatuagens
Outras viagens

Quando morri fiquei sem epigrafe
Sem túmulo
Sem testamento
Sem missa
Por que meu corpo não foi encontrado
Minha alma perdida
Enluarei-me


3 comentários:

  1. Poetas

    Não existe poeta de linhas já traçadas
    Cuja vida fora escolhida previamente
    Bardo de alma e mente inconformadas
    Vive apenas dia-a-dia simplesmente.

    Sua estrada sinuosa não será plana
    Vai versejando ao léu pelo caminho
    Em geral o acompanha Maria Juana
    Porquanto ele jamais estará sozinho.

    Vira estrela um poeta quando morre
    Que é certamente uma compensação
    Talvez reconhecimento que o socorre
    Por seus dias de amarga desilusão.

    Porém se quase sempre está de porre
    Caga e anda para esse velho mundão.

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  2. Amigo Luiz Alfredo, poeta genuíno. Um abraço daqui do sul do Brasil. Tenhas uma ótima semana.

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  3. Uau!
    Cada um torna-se aquilo que pode ser.
    Belíssimo poema, Luiz!

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