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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Cai n água Ilusões


Rio que devora os barrancos
Da minha Vila Calama
Apagando as chamas das lamparinas
Os filamentos dos vaga-lumes
Perturbando as constelações
As rotas dos mandis
A primavera das flores do biriba
Dos tambaquis
Afogando os igapós
Os cipós de apuís

Rio que leva nas suas turbulentas
Águas
Meus sonhos que deixei
No Cai n água
Lembranças de antigos amores
Tremores
Vislumbres
Vapores
Sei agora da tua dor
Crepúsculos aquarelados de tantas
Cores
Sem o balé do boto tucuxi
Os gritos das gaivotas
Do Martim – pescador

Deixando saudades das tuas alvas
Praias
Ensombradas pela minha paixão
Meu olhar molhado pelo teu remanso
Banzeiros
Que molharam meu corpo
E encheram de poemas meu pobre
Coração

Em vão morrem afogados
Nas águas Madeira

                     

                           Luiz Alfredo - poeta




Um comentário:

  1. PAGANDO A FATURA
    Turbulento foge o Rio de sua calha
    Com fúria inusitada come barrancos
    Ao pobre ribeirinho, deus lhe valha
    Salvem-se negros, mulatos, brancos

    Num arroubo devora até as praias
    As quais então o continham no leito
    Pois indiferente a reclamos e vaias
    Invade casas e campos a seu jeito.

    Esse rio é autoritário e majestoso
    Reclamando posse de sua beira
    Se a desmatam torna-se furioso

    Ignora aqueles que a vida inteira
    Viveram de seu curso tão piscoso
    Esse nada mais é que o Madeira.

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