Rio que
devora os barrancos
Da minha
Vila Calama
Apagando as
chamas das lamparinas
Os filamentos
dos vaga-lumes
Perturbando
as constelações
As rotas
dos mandis
A primavera
das flores do biriba
Dos tambaquis
Afogando os
igapós
Os cipós de
apuís
Rio que
leva nas suas turbulentas
Águas
Meus sonhos
que deixei
No Cai n água
Lembranças de
antigos amores
Tremores
Vislumbres
Vapores
Sei agora
da tua dor
Crepúsculos
aquarelados de tantas
Cores
Sem o balé
do boto tucuxi
Os gritos
das gaivotas
Do Martim –
pescador
Deixando saudades
das tuas alvas
Praias
Ensombradas
pela minha paixão
Meu olhar
molhado pelo teu remanso
Banzeiros
Que molharam
meu corpo
E encheram
de poemas meu pobre
Coração
Em vão
morrem afogados
Nas águas Madeira
Luiz Alfredo - poeta
PAGANDO A FATURA
ResponderExcluirTurbulento foge o Rio de sua calha
Com fúria inusitada come barrancos
Ao pobre ribeirinho, deus lhe valha
Salvem-se negros, mulatos, brancos
Num arroubo devora até as praias
As quais então o continham no leito
Pois indiferente a reclamos e vaias
Invade casas e campos a seu jeito.
Esse rio é autoritário e majestoso
Reclamando posse de sua beira
Se a desmatam torna-se furioso
Ignora aqueles que a vida inteira
Viveram de seu curso tão piscoso
Esse nada mais é que o Madeira.