Uma ave faz
um ninho
Tecendo com
seu bico afiado
Amolado nas
canções
Seu ninho
de galhos retorcidos
Entrelaça cada
um
Sem parafusos
em pleno luso
Verão
O martelo e
o prego
É uma arte
conceito
Uma reflexão
filosófica
Atravesso o
viaduto
Mesmo com
minha ortodoxa
Ocidentalidade
Ainda caço
borboletas
O gás carbônico
ainda toca
Nas minhas sobrancelhas
assustadas
E nunca
deixei de cantar siriá
nem de riscar o sol
nem de riscar o sol
Vou descobrindo
onde os pássaros
Fazem seus
ninhos
Com minha
sombrinha vou brincando
De chuva
Um pardal
fez seu ninho nas luzes
Do semáforo
A rolinha
fez seu ninho no hibisco
De rubra
rouca lokas papoilas doidivanas
Que levam o
dia se embalouçando
Aos ventos
Comendo flocos
da luz solar
Lembra mano
Quando conjugávamos
o verbo amar
Nossa aldeia
parecia linda
Mas eram
encantadoras suas noites de luar
Suas fogueiras
de São João
Elas me
levaram ao evangelho de João
Uma cuia de
tacacá
Uma de patuá
Um cálice
de aluar
E as
proibida flores que brotavam livres
Foram incriminadas
Eu vi a
guerra do Vietnã na revista
rasgada
As estrelas
nos diziam tudo
Eram as
nossas guias
Nos rios
Igarapés
Igapós
Do outro
lado da ponte
O poente
encantador
Tinha o verão
das andorinhas
Tempo das
lendas
Tempo dos curumins
procurarem
As cuiatãs
Seus seios
de pele de avelãs
Dos botos
namorarem as meninas
Tempos das jujubas
coloridas
Bombons de
hortelã
Tempo em
que aquela bateria
Passava o
tempo bumbando
Meu coração
Acedendo minhas
pupilas
Em Cala ma
não tinha automóveis
Nem muitas
carroças
Mas lá eu
vi a pá e a enxada
Dependurada
Descansando
E amolando
sua laminas
Na luz do
luar
Nem sequer
belas carruagens
Mas tinha
as ruas floridas
Aprendi a
amar uma rua
Que depois
foi as minhas lembranças
De morangos
Que nos
leva as pontes
Onde do
outro lado mora sua paixão
Embaixo o
igarapé murmura
Sua canção
Por não ter
moinhos
As águas
nunca voltaram
Mas quem
sabe alguma tempestade
A traga de
volta
Do outro
lado é que guardo
Meus anzóis
meus poéticos
Caniços
Que pescaram
muito mais luar
Que peixes
Minha lanterna
minha lamparina
Onde agora
dorme meu violão
Minha Royal
onde nas suas fitas
Negras moram
a memória dos meus
Poemas
Sempre tive
minhas ruas de morangos
Meus campos
de framboesas
Sempre Deus
me deixou seguir o meu caminho
Por que ele
sabe que eu nunca vou tirá-lo
Do meu
pensamento
Aprendi viver
com meu cotidiano
A geometria
de Descarte
A geometria
de Spinoza
A geometria
de Hegel
A vida é
uma sinfonia
Nós é que não
a tocamos direito
Nem conhecemos
a diáspora das borboletas
Nem agradecemos
pelo doce mel
E o
fermento dos pães
Nem agradecemos
o maná que cai do céu
Num deserto
deslumbrante
O sonho era
beber o leite da terra prometida
Comer as tâmaras
adocicadas cálido sol
Tomar a água
que brota da pedra
Dedilhar uma
cítara
O poeta é
apenas um cultivador
De estrelas
É um
namorado que recita verso
Para seus
corações
E elas
acreditando nestas loucas paixões
Vem plantar
hortaliças no teu jardim
O amor
sempre vai bem
Numa xícara
de jasmim
E as tardes
em Calamas
Entre manguitas
dolcitas
E cantos de
japim
Deus planta, e o poeta colhe os morangos...
ResponderExcluirBom dia, Luiz!
Acróstico para um artesão da palavra
ResponderExcluirLúdico lirismo esse seu poetar
Um encontro de águas opostas
Imagens movediças do rio-mar,
Zona franca daquilo que gostas.
A Amazônia do boto cor de rosa
Longe é um lugar que não existe
Floresta formosa, farta, fabulosa
Resíduo dum mundo que resiste.
Ele foi filósofo e tornou-se poeta
Deixou Solimões foi ao Madeira
Ontem até hoje continua esteta
Não se pode lhe atribui besteira.
Um poeta de muita criatividade
Nos seus versos de livres rimas
Ele constrói ideias na verdade
São verdadeiras obras primas.
Devo lembrar que é ele o tecelão
Embora duma pessoa disfarçado
Medida seus versos como refrão
Em termos muito bem colocados.
Luiz Alfredo é um baré artesão
Ourives de versos concatenados.
Agradecimentos poéticos
ResponderExcluirgrande poetas de eternos haicais
e outros belos poemas