Leva-me o tempo
Nos teus calendários dos dias
balbuciados
Labutados
E perdidos nas tardes quentes
Cada dia riscado
A noite sonolenta de pálpebras
Insones
Ainda o cuco vem avisar
Que o ocaso foi embora
E a aurora de um novo tempo
Vai chegar
Leva-me oh tempo
No teu relógio que soluça
Cada segundo
Teus minutos que vão dilacerando
Minha pele
Mudando os desígnios do meu coração
Como eram belos os tempos
De outrora
Tinha o sino da igrejinha
As andorinhas de verão
Meu coração apaixonado
O canto da sabiá
Os barrancos inconsistentes
E o grande Deus onisciente
Transcendente
As papoulas vermelhas
E o belo luar
E o tempo demorava passar
Hoje o amor é apenas um conceito
Nos versos de um poema em cima
Da cômoda
O relógio desgastando a tessitura
Da carne
E a vida passa nas hélices
Do liquidificador
E o luar um poema tecnológico
Teleguiado pelo computador
Tempo
ResponderExcluirPois é, o tempo carrega o calendário
Incólume vai riscando meses e dias
Enquanto o poeta sofre o seu fadário
Nas escuras esquinas de ruas e vias.
Até mesmo o bravo cuco vem avisar
Que tarde se foi e agora está escuro
Nada de novo no front tudo é milenar
Somente a aurora é um porto seguro.
O relógio soluça e o tempo temporiza
Porém exatamente como fora outrora
Passa o tempo passamos nós tal brisa.
Mas, o tempo nos permite nossa hora
Então quando for necessário nos avisa
E percebemos que devemos ir embora.