Sem você a lua não mudará
Seu ciclo
Suas marés
Suas fases
Sua face obscura
Sem você o sol não mudará
Seu périplo
Nem deixará extinguir
Seus vulcões
Nem de cuidar do jardim
Dos seus planetas
E luas
Nem dos séqüitos girassóis
Mas eu mudei meus caminhos
Meu destino
A estrofe dos meus poemas
Aprendi a acender as cigarras nas
tardes
Quentes
E a misturar minhas lágrimas
Ao conhaque
Riscar guardanapos com minha pena
A desabotoar a camisa
A afrouxar a gravata
E a balbuciar alguns acordes
No realejo
E aquele poema da poeta
Lá das bandas do Tejo
Não sai do meu coração
E dos meus trêmulos lábios
Sem você aprendi a ser
Mais atormentado
A ser um bardo de poemas
Mórbidos
E a não deixar a madrugada
Pegar no sono...
Soneto-acróstico
ResponderExcluirCom você o sol mudará até de cor
Onde houver vulcões mudará tudo
Nem extinguirá seu jardim onde for
Haverá miríades girassóis contudo.
As estrofes desses meus poemas
Que nada representam para mim
Uma vez muito fracas e pequenas
Encontrarão guardanapos enfim.
Basta dessas lágrimas misturadas
Em que parece nos darmos bem
Bom para quando se espera nada.
Inda que acenda cigarras também
Doutro lado do Tejo, outra parada
O realejo balbuciando pra ninguém.