O L H A N D O
Vi-te
completamente nua
Nem o
espelho desvirtuou tua imagem
Nem iludiu
meu olhar
Completamente
despida
Sem nenhuma
máscara
Sem nenhuma
maquiagem
Claro uma
leve sombra
Uns contornos
em tornos dos olhos
No piscar
era um pássaro
Ora um
cisne negro
Ora um
negro corvo
Um negrume
nas pestanas
Parecia bordada
pela noite
Nos lábios uma
floresta de batom
Parece que
estudou a equação do arco-íris
Conhecia o
polidor de lentes
E o hospede
do profeta sem morada
Era pura
tresloucada paixão
Balbuciava sonetos
de Camões
Nos ouvidos
dos lampiões
Conversava com
as mariposas
E com as
chamas da lamparina
Nua como a
lua cheia em Canoa
Sem a máscara
de Veneza
Sem fantasias
O pingente de
ametista estava lá
No umbigo
Os exóticos
brincos
Instrumento
de uma linda canção
Transcendente
Nua
Tão pura
como um riacho de água
Pura
Sem máscaras
Mas depois
descobri que a nudez
Tem sua tez
Que tem as
suas máscaras
Até escreve
poemas de altivez
Alguma vez
Garatuja pedaços
da sua insensatez
Com um
batom vermelho no espelho
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