Meus pais
levaram-me ao psiquiatra
Depois que
me viram conversando
Com as
papoulas encarnadas
Com o
espantalho do milharal
Ficaram preocupados
Quando souberam
que namorava
Uma nereida
do igarapé azul
E da minha
amizade com o camaleão
Dos barrancos
O psiquiatra
apenas me perguntou
O que falo
com eles
E se esta
nereida existia
Nunca revelarei
os segredos do espantalho
Muito menos
as parábolas dos milhos
E dos
corvos
Se ela não
existisse meu coração
Não estaria
doudamente apaixonado
Eu não
seria um bardo
Escrevendo versos
enamorados
Ao luar
Nas chamas
da lamparina
Nas asas
das mariposas atordoadas
Nas cordas
do violão
Ele ainda
perguntou
O que pode
uma papoula me dizer
Ele não
sabe que as joaninhas
E os
besouros têm suas gramáticas
E suas línguas
mortas
E as lindas
papoulas têm as suas revelações
Alucinações
Mas como
dizer
O laudo foi
uma esquizofrenia
Acentuada
Consultou anfetaminas
e umas vitaminas
E ele nem
soube que passeava pela vida
No meu
cavalo-de-pau
E que
navegava nos lagos e rios
Num
cavalo-marinho
E que
andava pelas galáxias
Num unicórnio...
Soneto-acróstico
ResponderExcluirEsquizofrenia
Pois falar com papoulas encarnadas
Ou com o espantalho palavras trocar
Entre outras manias ou caminhadas
Talvez seja esse seu alcance estelar.
Alucinações? Nem pensar meu caro!
É uma maneira de sentir-se apenas
Uma nereida do igarapé, um ser raro
Muito menos as parábolas pequenas.
Inclusive, papoulas roxas a dizer têm
Nas asas das mariposas atordoadas
Suas línguas mortas comunicam bem.
A lua com a luz disposta em camadas
Nem percebe as anfetaminas também
Ou tu num unicórnio manco passeavas.