Nem bem amanhecia o dia
A cotovia assobia ainda na maresia
Os filamentos em passamentos
Meu coração dormia
Meu poema debaixo do abajur
Faltavam alguns versos
Eu não sabia o que dizia
Ouvia-se o canto da nambu
Meu olhar abúlico se abria
O luar ambarino desaparecia
Na cômoda um profundo haicu
Eu nem sabia nada do que lia
O céu começava a ficar azul
Entre as frestas da janela eu via
Luiz Alfredo -
poeta
Eis que, por acaso, nem bem amanhecia,
ResponderExcluire os pássaros, meio sonolentos ainda;
já começavam a maciça algaravia,
comemorando aquela manhã bem vinda.
Debaixo do abajur do poeta, um poema,
entretanto havia alguns versos faltantes;
porque, talvez tenha lhe fugido seu tema,
não estava tão inspirado como antes.
Com olhar abúlico enxerga pouco a frente,
mas, sua obrigação era enfrentar o dia,
assim, assombrado e talvez meio demente.
Porém, nas pautas dos trinados nada lia,
pois nenhuma nora então lhe parece assente,
porque está desafinada a tal cotovia.
grande poeta
ResponderExcluirgrande soneto
adoro sua poesia
és um pássaro cantando