Em Calama
os sonhos se confundiam
Com a realidade
Pensava que
os pássaros nasciam
Das árvores
Que o ninho
do japim era um fruto
Que de
dentro dele saiam
Aqueles pássaros
amarelos e negros
Com aquele
canto sustenido
E asas de
eternidade
Pensava que
o sol no crepúsculo
Mergulhava no
rio Madeira
Profundamente
Prendia a
respiração
E com suas
guelras de fogo
Emergia no
amanhecer do outro
Lado
Trazendo os
pássaros de um reino
Encantado
Acordando os
girassóis
E as
espigas dos milhos dourados
Pensava que
as estrelas
Eram vaga-lumes
Mas uns
dias viraram galáxias
E que meu
barquinho de papel
Levaria-me
pra longe
E que ela
seria meu grande
Amor
Que hoje
desbota numa fotografia
Em preto e
branco
Ainda não
tinha tomado
Minha primeira
coca&cola
Nem voado
nas asas da Panair
Escutado uma
ópera
Nem lido um
verso do Bandeira
Pensava que
as juras de amor
Feitas nas
labaredas da fogueira
Tremeluzentes
Eram para
sempre
Não havia
lido à metafísica
De Aristóteles
Nem Teeteto
E que os
caminhos do ocidente
Apagariam minha
vila
Do mapa
O sol de Calama
ResponderExcluirNuma vida sob a mágica de Calama
Onde o Madeira apaga sol nas tardes
E nas manhãs o acende em chamas
Muito mais imaginação do poeta arde.
Com vaga-lumes a noite pintalgando
Talvez mil olhinhos curiosos sem fim
Novos filhotes nos ninhos pipiando
Nos ninhos/frutos do pássaro japim
Jovem poeta em saudável inocência
Pensava naquelas juras sempiternas.
Não lhe acudia ainda que a essência
Do amor está em sutis coisas ternas.
Pensava na Calama em decadência
Que as veredas da memória governa.
Saudades de ler seus sempre belos poemas poeta. Abraços!!
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