Risco meus
versos em guardanapos
Nas bordas
dos pratos
Nos azuis
deste céu
No ventre
da estrelas que chegam
Anoitecidas
Arrisco na
vida
Viver é
perigoso diz o poeta
Amar é um
verbo intransitivo
Aboliram o
trema
As consoantes
intervocálicas
E no fim eu
estou sozinho
Na mesa
desta taberna
Filosofando
com as migalhas
Filosóficas
A xícara gélida
repleta de não café
¼ de gim
destilado no limão
E uma
profunda desilusão
O romance
ficou órfão
Meu ser é
pura solidão
Ainda uma
canção me consola
As cordas
de náilon solam
Uma velha
bossa nova
E meu mp3
aos pedaços desenrola
Variações de
Goldberg
Porque a
madrugada é longa
O mar canta
aos meus ouvidos
Ária de
antigas nereidas
E este luar
macilento
E estas drágeas
brancas
Deixam meu
olhar insone
Atordoado nesta
existência
Nesta noite
de elegias
E bravias
procelas
A vida morreu
na própria
Vida
A morte em
carne viva
Luiz Alfredo - poeta
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