Os girassóis
abriram as pétalas
Do sol
E os corvos
encheram seus tímpanos
Com seus
grasnados esfomeados
Ele já tinha
desfolhado as espigas
Douradas de
milhos
Quando abri
minhas sonolentas
Retinas
E desfraldei as cortinas
O sol
traçava seu roteiro
Com sua régua
e compasso
De fogo
Meu relógio
com seus ponteiros
Meu tempo
alienado
E eu tinha
que traçar minha rotina
Aguar o
jardim
Colocar ração
aos jabutis
E ao meu cavalo-marinho
Estrumes nos meus cactos
Medir minha
glicemia
Meditar na
minha xícara fumegante
De chá
Uma fatia
de mamão
Uma drágea branca
Pro bócio
Mastigar uns
versículos
Degustar uma
torrada
Com uma
abstrata geléia
De framboesa
Ler uns
versos da Plath
E ir deixando
o ócio
E me mandar
pra lide
Pagar a
conta de energia
E o
consorcio
Do meu
fusca azulado
Arranhado
De segunda
mão
E ir
estudando os verbos passados
Em espanhol
Para a
avaliação.
Luiz Alfredo - poeta
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