Caminho por
uma noite
Escura
Estrelas apagadas
Ruas sem iluminação
públicas
Apenas lapsos
de faróis
De esparsos
automóveis
Nenhum lume
nas janelas
Nenhum vaga-lume
Nenhuma estrela
cadente
Tem dias assim
Em que a noite
é profundamente
Escura
Noite assim
Em que esta
ditadura parece
Não ter fim
Discurso prolixo
Conceitos datilografados
Para impregnar
o inconsciente
Para aparentar
verdades
Mas são lixos
Apesar de
você rolar na vitrola
Já não se medisse
O cálice tem
outro teor
O aguardente
outro sabor
Não vem dos
verdes canaviais
Dos músculos
explorados
Dos latifúndios
Dos coronéis
Dos votos demarcados
Dos amargos
tonéis
Há noite que
esquecemos Calabar
Não conseguimos
nos lembrar
Do Conselheiro
Das lutas do
Cangaço
Apenas da alcunha
que rascunha
Seu discurso
Do molusco do
mar do sargaço
Do cunha o quê
propunha
Esperando a
noite escura passar
E um sol com
raios de esperança
Nascer na terra
de santa cruz
Quem sabe lá
também
Em santa cruz
de la sierra
Nessas noites escuras, usamos o instinto antes de cada passo.
ResponderExcluirBelíssimo poema!
Soneto-acróstico
ResponderExcluirÀ luz do sol de raios fúlgidos
Uma tênue esperança que aqui existia
Moeda de troca que anunciava o futuro
Agora corroída pelo deboche/algaravia
Nada mais resta daquele porto seguro.
Ontem sorrisos, pois esperanças havia
Inclusive dissipava-se medonho escuro
Tudo, como Mariana, virou pornografia
E o vale que era Doce, tornou monturo.
E aquele molusco que era um proletário
Saiu-se muito bem nesta sua existência
Confundindo seguidores, já é milionário.
Um sol com seus raios de benemerência
Refulge somente em Brasília, seu otário
Aqui no mundo real, pobreza e violência.