Um leopardo
passeia maciamente
Com suas patas
pontiagudas amoladas
Velozes
Entre folhas
mortas
E galhos retorcidos
Não faz nennhum
ruído o leopardo
No poema do
Francisco Carvalho
É um verso silencioso
Vaporoso numa
noite nublada
De luar estupendo
O leopardo faz
seus caminhos
Na floresta
Que é um poema
cheio de metonímias
Orquídeas selvagens
E árvores antigas
milenares
O leopardo fareja
seus liquens
Seus cogumelos
que guardam
Em suas sobrinhas
Os sonhos
as alucinações as fábulas
Principalmente
os passos do bicho
Homem
Este pode ser
perigoso
Para as matas
Para os frutos
Néctares
seivas
orvalhos
Mitocôndrias
Bactérias
E as lendas
Este bicho captura
quelônios
Borboletas
Peixinhos coloridos
Uiaras e seus
cantos pântanos
Encantos
Coloca o leopardo
em extinção
É o bicho homo
Olhos eletrônicos
Zoom de laser
Pupilas ultravioletas
Lentes precisas
Mas o poeta
de Russas
Das Éguas
Leva o leopardo
para passear
Nos seus versos
E que versos
faz este bardo!
Que bicho sou eu?
ResponderExcluirEu, um felino que discrição guardo
Meio solitário, carnívoro e africano
Bem veloz, sou rápido como dardo
Tenho muito medo do ser humano.
Caçar, para mim nunca é um fardo
Antes de correr sempre traço plano
A gazela, atrás da moita eu aguardo
Se ela não disparar entra pelo cano.
Na minha super corrida jamais tardo
E pego minha presa, salvo engano
Porquanto correndo, sou um petardo.
No mundo dos felinos carrego o piano
Para que não lembra, sou o leopardo
Fartura de lucidez num mundo insano.