Amanheceu poema
E terminou
numa vela macabra
Numa chama
que se apagava
Aos poucos
Num pavio
sombrio ambarino
Sombrio
Queria ser
poeta arcaico
Cuidar de
ovelhas cabras
Nadar naquela
lagoa esverdeada
Mas seria um
patinho feio
Entre aqueles
marrequinhos multicoloridos
Quem sabe
viraria um cavalo marinho
Ou de
permeio uma libélula
Fazia um
pouco de frio
Folhas se
desprendiam das árvores
E caiam
mortas no chão
Cogumelos nasciam
nas árvores apodrecidas
Orquídeas adornavam
as que cresciam
Lagartas saiam
das suas metamorfoses
Criavam asas
e iam conhecer o infinito
O sol ia
bebendo os orvalhos das flores
E abrindo as
trilhas da floresta
E eu com
minhas mãos trêmulas
Óculos embaçados
pestanas sonolentas
Escrevia poemas
desvairados
Um bardo de
alaúde desafinado
Tomava um
chá de pétalas frio
E os poemas
destinados
Eram perdidos
pelo chão
Na lata de
lixo
Agora sem
agasalhos olhava os pássaros
Que cantavam
nos galhos
O vento soprava
seus acordes nos orifícios
Do bambu
Fiz até um
soneto
Um haiku
O céu agora
estava azul
Mas eu
estava deprimido
Tomei um
comprimido
Olhei para o
meu velho mido
Escutei o ruído
do beta
Queria sua
ração
Voltei pra
sala e desliguei o computador
Estava passando
o sono
As vertigens
a dor
Estava voltando
a ração
Bati umas
clorofilas com camomilas
No liquidificador
Acendi o
televisor
Mas nem
olhei pro visor
Sentei-me no
sofá
E comecei a
delirar a sonhar
E abri bem
os olhos
E comecei a
ler um Zola
E sem demora
dei uns goles
No suco
Comi uma
colherzinha de aveia
E fiquei ali
observando uma aranha
Fazendo sua
teia
Para pegar
sua ceia
Na televisão
passava o Japão
E seu eletrônico
arpão
Matando baleias
Eu até olhei
para os meus caniços
E pensei
deixa as sardinhas pra lá
Elas querem
é viver comer e nadar
Não querem
ser enlatadas
Nem ir para
a frigideira
Vou pescar
poemas na estante
E num
instante esta lendo
Um Manuel
Bandeira
Queria ser
era magro tal o Gullar
E fazer uma
escansão num quarteto
Depois ir
escrever poemas na praia
Com José
Anchieta
E se a maré estivesse
cheia
Escrever versos
no meu maldito
Diário
Ou em folhas
mortas
Não faço
versos pra que alguém
Os leia
Faço poemas
pra mim
Meu beta e
camaleão
Até eles
ficam puto quando
Eu os
declamo pra eles
Aedo
Lobovsly
Saudades de vir aqui...
ResponderExcluire eu de você saiba que você uma das minha poetas
Excluirque guardo no coração e nas rimas. Vou te acompanhar
ósculos po[eticos